Ano novo, casa em ordem
Um bom jeito de renovar as energias para 2019 é organizando o lar. Confira, a seguir, dicas preciosas para colocar em prática neste começo de ciclo.
A vida é um encadeamento de ciclos. Um termina para que outro possa começar sucessivamente. Assim avançamos. E podemos aproveitar esse momento de virada para exercitar uma série de “erres”: reflexão, reformulação, reorganização, reenergização. Um bom jeito de mergulhar nessa prática é colocando a casa em ordem para o ano que se inicia. Afinal, arrumação externa contribui para o aprumo interno, em muitos níveis.
“A melhor forma de deixar a casa pronta para um novo ano é oxigená-la, ou seja, rever tudo o que ela abriga e depois deixá-la limpa e organizada. Assim a família poderá receber amigos e familiares despreocupadamente e viver os próximos 365 dias com mais leveza”, afirma a personal organizer Claudia Pilli, de São Paulo.
Ok, desafio aceito, você pode dizer, mas por onde começar? Primeiramente, é importante lembrar que sem motivação a gente não arruma nem a cama, quanto mais uma residência inteira. Então, a dica de ouro da especialista é começar por um espaço cuja arrumação possa ser concluída de forma satisfatória e sem grandes investimentos de tempo ou recursos. “Isto lhe dará um estímulo para prosseguir para os outros espaços e evoluir em complexidade. Sendo assim, não inicie pelo mais difícil”, orienta Claudia. Se você não está 100% certo de qual seria esse cômodo mais “palatável” para dar o start, então ela dá um empurrãozinho: “A cozinha é a alma da casa e costuma ser muito frequentada por moradores e visitas próximas. Então, acredito que esse local pode ser um bom começo”.
O passo seguinte, que é encarar nossos pertences, pode trazer novas dúvidas. O que vale a pena guardar, o que merece ser doado e o que deve ser descartado? Nem sempre temos clareza para fazer a triagem necessária, seja por apego, falta de praticidade ou indecisão. Então, a personal organizer vem em nosso socorro: “É uma análise pessoal, mas, de forma geral, devemos guardar o que tem utilidade ou está atrelado a bons sentimentos; doar o que ainda está bom, mas não faz mais sentido para você neste momento de sua vida e/ou tem poucas chances de ter no futuro; e, por fim, descartar tudo o que não tiver utilidade e estiver danificado ou sem condições de uso”.
Os mais apegados sofrem nessa hora. Deixar ir aquilo que cumpriu seu ciclo é um gesto desafiador.
“Para que a pessoa possa se desfazer de coisas, precisa estar pronta”, reconhece Claudia. Com sensibilidade, a profissional vai tateando o terreno para saber se o momento é ou não propício ao descarte. Nesse ponto estratégico para o desenrolar da arrumação com seus clientes, ela costuma fazer observações e questionamentos do tipo: “Estou vendo que temos aqui nove medidores de líquidos. Você precisa de todos eles? Há quanto tempo não usa essas peças? Por que é importante mantê-las?”. A ideia, ela explica, é fazer a própria pessoa chegar à conclusão de que está no momento de deixar aquele artigo ir embora.
Manutenção é tudo
Após a triagem, os itens escolhidos para permanecerem na casa têm de respeitar duas regras fundamentais. A primeira: cada coisa precisa ter o seu próprio lugar e este precisa ser definido com base na frequência de uso. A segunda: itens que tenham afinidade precisam ficar próximos, por exemplo, o macarrão junto do molho de tomate; os esmaltes perto do algodão e da acetona e assim por diante. Quanto mais prático, acessível e lógico, melhor.
“Organização residencial é um processo contínuo, que precisa ser mantido com ações diárias. Por isso, depois de organizar as coisas, o que tirou do lugar coloque de volta o mais rápido possível”, orienta Claudia. Na visão dela, a palavra ‘depois’ facilita a procrastinação, que, convenhamos, não é um bom hábito a se cultivar.
Você pode alegar que tudo isso demanda muito tempo, disposição e foco. É verdade. O tempo gasto para organizar a casa é real e pode ser cansativo, mas, como lembra a especialista, desordem gera maior perda de tempo e desgaste, tanto físico quanto emocional, sem falar nos conflitos que podem surgir e afetar os relacionamentos de quem compartilha o mesmo espaço. “Sempre será uma questão de escolha de como e em que momento cada um usará seu tempo. Mas, uma coisa é certa, organizar é investimento, enquanto manter a desordem se reverte em perda de tempo e de energia”, ela sintetiza.
Mudar hábitos não é uma tarefa fácil, porém absolutamente possível. Quem se define como bagunceiro crônico tem plenas condições de abandonar a tendência à desordem, desde que esteja a par das seguintes máximas: “Toda mudança de hábito precisa de vontade de mudar, de uma fonte de estímulo e prazer (colher os bons frutos da organização) e de persistência”, esclarece a personal organizer.
A vantagem de seguir essas recomendações é criar um sistema que funciona o ano todo. O raciocínio é simples. Se você manteve tudo retornando ao seu local e nada mudou, não há motivos para arrumações periódicas, a não ser que não tenha conseguido manter o ritmo da organização ou se algo mudou na vida, por exemplo, o nascimento de uma criança e outras mudanças no lar. Fora isso, o trabalho mais pesado não precisa ser repetido. “Um dos pontos positivos da organização é justamente esse. Fazer bem feito de uma vez só!”.
Claro que não se trata de se tornar uma pessoa rígida e perfeccionista, incapaz de tolerar a mínima bagunça. Qualquer excesso é maléfico. Segundo a profissional, a organização deixa fluir, ao passo que a desordem ou o perfeccionismo tendem à estagnação. “Viver em uma casa rígida não aproxima as pessoas e viver numa casa desorganizada também não. Qual é o limite? Vale o caminho do meio, o que funciona bem para a maioria dos moradores serem felizes”, ela opina e não nos deixa esquecer que uma casa organizada é aquela que funciona bem e abriga gente satisfeita, com mais tempo para o que realmente importa.
Sobre Claudia Pilli
Personal organizer, consultora, palestrante, Claudia Pilli é especializada em organização residencial. Bacharel em Administração de Empresas, Pedagogia e Formação em Kids Coaching, trabalhou por 18 anos no mercado financeiro, dos quais, 15 anos como executiva em instituições como Citibank e BankBoston. Casada e mãe de dois filhos, acredita que através da organização pode otimizar recursos escassos como tempo e espaço, levando, assim, mais qualidade de vida às pessoas. Com essa certeza, em 2012, tornou-se sócia-proprietária da Ordenarte – Organiza com Arte e, em 2014, sócia-fundadora da ANPOP -Associação Nacional de Profissionais de Organização e Produtividade.
Confira a publicação na íntegra no site do Grupo Healing: https://grupohealing.com.br/2019/01/31/ano-novo-casa-em-ordem/